Desengane-se quem pense que vou escrever um post com "fofinhux","bjokax" e afins. O tema talvez seja apropriado a um adolescente que só agora dá de caras com a dualidade do amor e com a sensação de injustiça que esta pode trazer, mas descansem que não vou assassinar a lingua de Camões.
Bem, a pergunta é: "porque raio é que se ama quem se ama, porque é que não se pode escolher desamar, e porque é que se desama sem escolher?". Poderia até acrescentar um "Não é justo!!" para dar efeito dramático (ou como agora se diz: "Emo"). lol
Vejo e sei de situações à minha volta que me fazem pensar (mais ainda do que o costume, isto é). Mulheres e homens que passam por verdadeiros infernos para estar com a pessoa de quem gostam, situações que poderiam evitar se simplesmente pensassem duas vezes e juntassem 2+2.
Vejo gajos a serem verdadeiros cabrões, anormais de primeira sem qualquer perspectiva de vida, menininhos de cabeça... e elas continuam lá. "Ele muda. Eu mudo-o. Eu perdoo. Ele muda. Eu perdoo."
Vejo rapazes que têm que lidar com corações frios, personalidades lixadas, namoradas que não lembram ao diabo... e eles continuam lá. "Ela muda. Eu mudo-a. Eu perdoo. Ela muda. Eu perdoo."
Roça o irracional.
E depois relações em que as duas pessoas se amam, tudo corre bem, zero stresses, e a desilusão e o desencanto vão surgindo naturalmente com o hábito e a rotina, como uma trepadeira que lentamente sufoca o que sentem.
Será que o ser humano precisa de emoção e incerteza constantes para permanecer apaixonado?
Se sim, porquê?
A minha mãe tem uma frase que sempre me pareceu a mais correcta, mas agora sei que é impossível de aplicar quando amamos: "quando as coisas más ultrapassam as boas, está na hora de virar o disco e tocar outra música." Ora bem, o problema é que muitas pessoas amam e não saiem do disco riscado. Outras, o disco parece estar a tocar perfeitamente e ao menor sobressalto, a agulha salta e a música acaba.
Os clichés serão: "ah e tal, se calhar essa música não era suposto tocar até ao fim." "Porventura, as músicas riscadas são as que têm que assim ser." Isso é bolocks. Treta. Não acredito que "as coisas tenham que ser assim." Pronto, tá tudo predestinado. Ohhhhh...
É mesmo assim que foi e acabou-se. O que está, está. Um gajo parte o coração, chora que nem um desalmado, etc etc.. Tudo bem, isso é uma coisa.
Outra totalmente diferente é TER que ser assim. Se a partir de agora for para cada relação a pensar: "ah e tal, isto vai acabar como e quando tiver que acabar, é que nem importa o que eu faço." então para quê o esforço? Para quê a preocupação com a outra pessoa? Pensando desta forma, então se a outra pessoa nos amar vai aceitar qualquer abuso. Vai estar eternamente a pensar que nos pode mudar. E eu não acredito nisso. Não quero acreditar.
Posso ter ficado mais amargo e mais cínico com o que me aconteceu, porque dei tudo o que podia e não foi o suficiente, mas Deus me livre se não vou fazer o mesmo da próxima vez que amar alguém. E serei talvez o eterno abandonado, porque serei sempre correcto e avesso a confusões e incertezas, mas que se lixe. Não sei viver de outra maneira. A minha mãe que me desculpe, mas às vezes é preciso ficar, mesmo quando as coisas más ultrapassam as boas. Só assim aprendemos, só assim batemos com a cabeça e retiramos algo de novo que nos torna melhores. Os problemas não se evitam, enfrentam-se. Para além do mais, nunca teria o sangue frio de deixar alguém que amo, mesmo que as coisas não estivessem a dar resultado. A única diferença entre a pessoa que sou agora e a que era há 3 anos atrás, é que já não mais direi "amor da minha vida" sem meter um "agora" à frente. Isso aprendi da pior maneira.
De resto, permaneço igual. Daqui a algum tempo, não sei quanto nem me interesse de momento, estarei preparado para uma relação séria e duradoura. É o tipo de pessoa que sou, sempre fui e sempre serei. Só espero ter a sorte e o prazer de encontrar alguém com a maturidade mental e emocional que preciso. That´s all. Entretanto vou-me conhecendo a mim mesmo, tendo uma relação séria com o Miguel (não, não é o Veloso, sou eu mesmo). Já tinha algumas saudades deste gajo, deste party animal, deste tipo que vai a todas (as actividades entenda-se) quando está solteiro.
Algumas coisas não mudam nas pessoas, e apesar disso tanta gente permanece com uma certeza triste de que: "ele muda. ela muda. eu mudo-o(a). eu perdoo." O amor, afinal, é irracional. E ai está a minha conclusão à pito adolescente.
Homem da Faina Out