Como resposta (que não quero que tome como ataque mas somente como explicação do meu ponto de vista) ao comentário (que aprecio e agradeço) do senhor (ou senhora) anónimo/a no meu post sobre o final do 1º ano de governação do gabinete democrata liderado pelo Presidente Barack Obama:
Caro Anónimo,
Gostaria primeiro de lhe pedir que não falasse da questão como sendo simples, visto que não o é.
É que, sabe, não aceito como verdadeira a visão maniqueísta de bem vs mal visto que nem a oposição está totalmente errada, nem o Sr.Obama totalmente correcto.
As mudanças que o Sr.Obama propõe são, com honrosa excepção para a que mencionou (sistema de saúde), mais do mesmo. Mais tropas para o Afeganistão, mais dinheiro atirado para companhias corruptas e obsoletas ( ou "corporate handouts" como lhe chamam, embora eu prefira chamar-lhes "safar o rabo aos culpados"), mais dinheiro do budget norte-americano alocado para as forças militares, mais apoio (ou pelo menos um firme suporte não-verbal) para Israel (e a sua insidiosa decisão de construir o novo muro, entre outras). Enfim, mais do mesmo.
Como disse, recuso-me a ver as coisas de uma forma maniqueísta, e como tal reconheço vontade (essa sim, pelo menos isso) de alterar algumas políticas, entre as quais coloco, mais uma vez, o afamado sistema nacional de saúde, assim como uma alteração no tom diplomático. Mas repare: não seria já insustentável, aos olhos dos restantes povos, a posição unilateral que os Estados Unidos têm vindo a tomar nos últimos anos? Até que ponto seria possível manterem o curso que tomavam?
A mudança não foi "pretendida" ou "vitoriosa", como tantos anunciaram. Ela foi, afinal, o único caminho possível para uma nação que se arriscava a ser a nação mais odiada à face da terra (e desculpe-me se este facto é demasiado vago ou não suportado por provas), muito por culpa de uma política de intervencionismo e arrogância que tem vindo a desempenhar desde o final da 2ª guerra mundial. Economicamente ultrapassada pelos parceiros asiáticos, aos quais está astronomicamente endividada (os Estados Unidos são neste momento os maiores credores do mundo em termos de capital bruto), ideologicamente enfraquecida devido à crise económica (uma vez que o sistema capitalista é o modelo que sempre apoiou e do qual foi "paladina" indiscutivel), e diplomaticamente em pedaços pelo backlash gigantesco de que tem sido alvo, a nação Estado Unidense e a sua elite de personalidades hipócritas e corruptas não tiveram forma de seguir com a sua agenda de hegemonia.
Surge agora o "Yes we can!". Posso ser palerma e teimoso (e admito que o sou, na maioria das vezes), mas estou ciente de que a mudança, quando proclamada e aclamada, esconde uma vontade enorme de não mudar absolutamente nada.
Eu digo: pois que venha então a mudança! O meu caro Anónimo é que não me poderá levar a mal se eu aguardar por ela sentado, está bem?
Homem da Faina Out
Há 12 anos
1 comentário:
Caro Blogger,
Fico bastante agradecido pelo seu Post na sequência da minha intervenção.
Gostaria de frisar o seguinte relativamente ao seu comentário:
1 - “É que, sabe, não aceito como verdadeira a visão maniqueísta de bem vs mal visto que nem a oposição está totalmente errada, nem o Sr.Obama totalmente correcto.” Apenas frisei que estão no caminho certo.
2 – “As mudanças que o Sr.Obama propõe são, com honrosa excepção para a que mencionou (sistema de saúde), mais do mesmo.”
Relativamente às mudanças, acredito que poderá ver algumas diferenças na posição deste senhor - http://www.guiadoimigrante.com/artigo.php?idPublicacao=4104
Ass: YES, WE CAN!!!
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