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terça-feira, 28 de julho de 2009

O receio de estar sozinho...

Sempre tive receio de passar muito tempo sozinho, sem ter que fazer.

Talvez dai o meu vício pelo tabaco, por algo que me ocupe a mente. Estes últimos 2 meses têm sido a prova viva desse meu receio. Agarro-me ao trabalho, ao PC, aos amigos, ao tabaco, à comida, às tarefas da casa, ao telemóvel, aos jogos da bola... tudo o que me impeça de passar algum tempo sozinho.

A verdade é que se antes tinha receio de passar tempo sozinho por não querer pensar na vida, agora não quero estar sozinho por ter vontade de não parar de pensar nela.

Mas a pouco e pouco vou tendo as minhas conversas de mim para mim. Não posso dizer que me Ame. Tão pouco que goste muito de mim, de quem me tornei. Por muitas voltas que dê, a verdade é que gostava muito mais da pessoa que era quando me sentia completo, parte de um todo que eram 2. É um processo de crescimento, eu sei. O dia virá em que me sentirei completo novamente, e estarei sozinho e orgulhoso. Por enquanto não posso deixar de sentir que não era o que devia ter sido, que não sou quem pensava estar destinado a ser. E dói, como muitos já estarão fartos de saber. Precisei de chegar aos 26 anos para apanhar um desgosto de amor verdadeiro. Comparado com as minhas crises de adolescente, este é um furacão Katrina em rota de colisão com o meu coração.

Quando nos deixam pomos tudo em causa. Tudo. O que poderiamos ter feito, o que não deveriamos ter feito, o que deveria ter sido de outra forma... Todos os merdosos "ses" que nos possam passar pela cabeça.

Sentimo-nos desajustados, perdidos, sem norte. Sentimos que metade de nós nos deixou, que o nosso objectivo de vida desapareceu sem deixar rastro de um momento para o outro. Vamos encontrando sinais dessa "outra vida" aqui e ali. Em caras, sitios, conversas, cheiros, nomes... Mas sempre com a certeza que o que já foi não volta mais.

Não conseguimos deixar de nos sentir rejeitados, feios, sem interesse. Pensamos que a outra pessoa nos deixou porque não somos merecedores de amor.

Bem, eu estou a entrar na fase em que me apercebo do exacto oposto. Se alguém nos deixou, fê-lo simplesmente porque se apercebeu de que a relação significou demasiado para prosseguir sem propósito. É um acto de coragem, o de quem acaba. É um acto inegável de coragem. Porque puseram de parte tudo o que já foi, e perceberam que já não pode continuar a ser, simplesmente porque já não o é.

Oates disse que "o grande problema do Amor, é que são precisas 2 pessoas para que dê resultado."

Eu diria: "O grande problema do Amor é que só é preciso 1 para que não dê."

Homem da Faina Out

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