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domingo, 12 de julho de 2009

Como é que isto acontece...

Sábado, dia 12-07-2009. Casamento do A.B., com direito a reunião catolicense, bebidas a rodos, muita dança e diversão. O dia de ontem fez-me recordar que há razões pelas quais sempre acreditei no amor verdadeiro, seja ele para sempre ou "agora", como dizem a C. e o F.

O AB. e a F. estavam lindos, as familias orgulhosas, os amigos verdadeiramente felizes pelo casal. Correu tudo na perfeição, a cerimónia, apesar de curta, decorreu sem quaisquer problemas e vamos para a zona da festa bem almoçados e alcoolizados. Ficamos lá a dançar, a conversar e a fazer reminiscências até por volta da 1h, quando achamos que está na hora de voltar. Meto-me no carro com o PT e a FP, naquela que se espera que seja uma viagem calma. Vimos o caminho todo a ouvir o novo CD do ex-vocalista dos Ornatos, o que me faz pensar que preciso de retomar o gosto pela descoberta musical.

Chego a casa verdadeiramente estoirado depois de um dia cheio. São 2.23h quando o meu telemóvel toca, estou já deitado e de cabeça bem pesada. A mãe da L. liga-me desesperada: a filha esteve num acidente de automóvel, o seu segundo no espaço de um ano e meio. Está no amadora sintra, disseram-lhe que está em coma induzido, com múltiplos traumas.

A L.

Páro para deixar entrar a ideia de que uma pessoa que já foi a minha razão para sorrir, alguém de quem já me senti tão próximo antes apesar do afastamento recente, está no hospital depois de um acidente na estrada. Já passei por isto antes, mas desta vez algo não bate certo. Algo não está bem e sinto-o no âmago. Tento acalmar a senhora, uma missão claramente impossível quando eu próprio ainda não sei o que fazer ou dizer. Diz-me que precisa de ajuda, que não sabe como ir de ter à amadora às tantas da madrugada sem carro. Explico-lhe que não tenho carta, e que o máximo que posso fazer é ir ter com ela ao hospital de táxi. Pede-me que vá lá ter, vai tentar arranjar alguém que a leve. Diz que a L. precisa de gente próxima lá quando estiver melhor. Não consigo deixar de fazer um esgar pelo ridiculo da situação. Próximo... não a vejo há 1 ano. Levanto-me de um salto. A minha primeira reacção é telefonar à minha ex. Não atende. Ainda bem, porque me apercebo da ridicularidade do que estava a fazer.

Pouco depois das 3h: Amadora-Sintra. Não me deixam entrar para a ver. A mãe dela finalmente chega, com um primo e a namorada. Dizem-lhe que está em situação crítica. De olhos vidrados e sem saber o que fazer espero por algo que me diga que isto não passa de um sonho, que na realidade estou em casa a ter um horrível pesadelo induzido pela bebedeira da festa que passou.

Antes das 5h lá deixam entrar a mãe dela. Volta a sair passados 2 minutos acompanhada por uma enfermeira, em pranto descontrolado. Nem lhe pergunto o que se passa, não tem qualquer coerência de discurso. A enfermeira diz que estão a pensar operar, é necessária intervenção urgente. Como seria expectável, o cirurgião está fora, estão a chamá-lo. Entretanto chegaram 3 amigos, antigos colegas de curso da L. Só vejo desespero nas suas caras. Ninguém pode fazer nada. Absolutamente nada.

6.30h: Passei a ultima hora e meia a olhar para a parede, ou para a mãe da L., que não consegue estar parada, andando de um lado para o outro e levando as mãos ao peito ou à cabeça e soluçando ininterruptamente. O médico, um tipo gordo e calvo, diz-nos que vão ter que operar. A L. está com hemorragias internas e em estado critíco. O rapaz com quem estava no carro, cujos pais estavam connosco na sala de espera, está estável mas sofreu um traumatismo craniano e partiu a perna. Honestamente, estou-me um bocado a cagar para o rapaz nesse momento. Só quero saber o que estão a pensar fazer em relação à L...

8.30h: volto para casa. Não chegaram a operar. "Não resistiu aos ferimentos" é a explicação oficial. Separo-me da mãe e do primo dentro da sala de espera, a senhora de joelhos no chão e em choro mudo, o primo e a namorada a agarrem-na e a olhar estoicamente em frente. Não tenho palavras para dizer-lhe. Nada do que lhe pudesse dizer seria suficiente. Os amigos também se apercebem que não há nada a dizer e caminhamos os 4 em direcção à saída do hospital. Volto para casa.

Como é que isto acontece... como é que um dia tão bom, tão alegre e rejuvenescedor, passa tão depressa a um dos piores dias de sempre?

Como é que uma pessoa tão bondosa, tão simpática, apesar de todos os seus defeitos, tinha apenas 7 pessoas à espera de notícias suas, sendo que uma delas já não estava com ela há tanto tempo?

Não compreendo. Cada vez compreendo menos este mundo...

5 comentários:

29 disse...

bolas...

Cereja disse...

cum caraças!

Cyclone disse...

Porra. Como é que estás?
Alguém que eu conhecia?

Homem da faina disse...

não miúdo, ninguém que tu conhecesses. estou... bem, para dizer a verdade ainda não sei mto bem, têm sido umas atrás das outras.

Pipa disse...

Relaxa amigo, respira fundo... há alturas assim em que por mais vontade de chorar que tenhamos parece que as lágrimas se esgotaram... nada corre bem! Sabes não sei se todos passamos por isto para crescer... o que sei é que doi muito :(
Aqui para o que precisares...